MADE IN USA: Luiz Carlos Felizardo

  • MADE IN USA

    LUIZ CARLOS FELIZARDO
    A fotografia nasceu de um sofisticado cruzamento entre arte e ciência. É interessante recuperar essa informação em pleno século 21 porque hoje, tudo é amparado pela tecnologia. Sofisticada tecnologia. Basta um olhar retrospectivo para entendermos que a fotografia clássica, aquela que envolve artesania e singularidade, exige olhos atentos e alguma obediência aos procedimentos. Quando isso acontece, ela é, quase sempre, arrebatadora. Olhos atentos percebem nuances, detalhes, sabem diferenciar as tonalidades do preto e branco. Assim são as fotografias de Luiz Carlos Felizardo, um artista que articula técnica e estética, que acredita na disciplina e no rigor das regras para simplesmente nos surpreender. Uma dedicação incomum que exige respeito e alguma submissão aos processos para encontrar a arte fotográfica, com elegância e sensibilidade, e se distanciar da ciência. Sua paixão pela imagem nasceu com o desenho, sua formação inicial, mas foi com a fotografia que desenvolveu um olhar acurado capaz de encontrar na realidade objetiva do mundo visível a emoção da plenitude da vida. Ele adaptou o desenho das linhas vagando pelo papel para as diversas etapas da fotografia - escolha da cena, fotometria, captação, revelação e impressão. O total controle técnico, internalizado e naturalizado pela experiência, viabiliza sua concepção criativa - aliás, totalmente desconcertante. Viveu na América em algumas ocasiões, próximo do seu Mestre Frederick Sommer, e aprendeu documentar o mistério cotidiano. Made in USA é uma homenagem e, também, um memorável conjunto de fotografias que recupera o prazer de ver silenciosamente.
     
     

    Rubens Fernandes Junior

  • "Made in Usa" é o título da exposição de Luiz Carlos Felizardo na  Galeria Utópica que apresenta uma seleção de 23 fotografias feitas em Arizona, nos Estados Unidos, entre os anos de 1984 e 1985, período no qual trabalhou intensamente sob supervisão de Frederick Sommer. 

    Todas as cópias são vintages ampliadas impecavelmente pelo autor, com os preceitos, cuidados e toda a maestria que caracterizam a ampla e tradicional corrente de fotógrafos laboratoristas norte-americanos entre os quais Sommer ocupa um lugar de destaque.  


    Entre as imagens, algumas cenas e detalhes que fazem parte do imaginário fotográfico do oeste americano e uma paisagem antológica no vale da Morte na Califórnia, Zabriskie Point, locação e título de um dos filmes mais marcantes do período da contracultura rodado em 1970 e dirigido pelo cineasta italiano, Michelangelo Antonioni.

  • Luiz Carlos Felizardo

    Porto Alegre, RS, Brasil, 1949
    Cursou Arquitetura na UFRGS e, desde 1972, passou a dedicar-se exclusivamente à fotografia, destacando-se nas áreas de paisagem e arquitetura. A partir de 1975, realizou mostras individuais e coletivas nacionais e internacionais, no México, Estados Unidos, Venezuela, na I e II Bienal de Havana, Nicarágua, Argentina, Uruguai, Espanha, França, Alemanha, Itália, Síria, Tunísia e Argélia.Em 1987, participou do projeto Missões 300 Anos — A Visão do Artista.
     
    Sua obra compõe coleções oficiais e privadas internacionalmente, como a coleção do neurobiologista Nobel de Medicina e Reitor da Rockfeller University Thorsten Wiesel e de Joaquim Paiva. Como bolsista da Comissão Fulbright (1984/1985), trabalhou sob supervisão de Frederick Sommer em Prescott, Arizona. Entre 1990 e 1991, com uma Bolsa da Fundação VITAE (SP), realizou pesquisa sobre vida e obra de Sommer. Em 1991, participou do primeiro grupo de fotógrafos da Coleção MASP/Pirelli.

    Seu projeto O Sonho e a Ruína – Missões Jesuíticas foi contemplado no Edital Arte e Patrimônio 2007 (IPHAN/Paço Imperial) e exibida no MARGS, no Paço Imperial (RJ), no Sítio Arqueológico de São Miguel das Missões e foi adquirida pelo IPHAN, integrando o acervo do Museu das Missões em São Miguel das Missões.

     

    Felizardo é autor dos livros O Relógio de Ver (2000) e IMAGO (2010), ambos reunindo artigos e ensaios sobre fotografia. Em abril de 2004, foi publicado o livro Luiz Carlos Felizardo, 3o volume da Coleção SENAC de Fotografia (Editora SENAC, SP). Em 2011, quando homenageado pelo FESTFOTO, em Porto Alegre, foi publicado o livro A Fotografia de Luiz Carlos Felizardo e realizada exposição retrospectiva de sua obra (Santander Cultural). Em 2016 participou dos Encontros da Imagem (Braga, Portugal), Simpósio "RETHINKING PHOTOGRAPHY: Can Photography Make a Change?". Seu trabalho foi apresentado por Tereza Siza, criadora do Centro Português de Fotografia. Em 2017, foi homenageado pela UFRGS com exposição no Campus Central e, em 2018 apresentou a exposição “A Estranha Xícara”, a convite do Instituto Ling, em Porto Alegre. Em dezembro de 2019 foi lançado o livro “O Percurso de um Olhar”, pela Editora da UFRGS - fotografias e crônicas do autor.

     

    Recebeu, em 2020, homenagem do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, com o documentário “Um fotógrafo na estrada” e o Prêmio Açorianos de Artes Visuais, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, RS, pelo conjunto de sua obra. No mesmo ano, o projeto de diagnóstico de cópias vintage de seu acervo, apresentado por Denise Stumwoll, recebeu a Bolsa Solange Zuniga, da FUNARTE, pela qualidade de seu trabalho como fotógrafo e “printer”. Em 2021, recebeu o Mérito Cultural na Fotografia da RPCFB, como reconhecimento por sua trajetória e o Prêmio Trajetórias/RS.