ENTRE O SONHO E A VIGÍLIA :
Adenor Gondim
: série "Cãos de Jacobina"

  • Entre o sonho e a vigília
    Adenor Gondim

  • "Nós somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos 
    e nossa pequena vida cercada pelo sono”
    William Shakespeare


    "Sonhar é acordar-se para dentro"
    Mario Quintana
  • "Tudo o que você faz como fotógrafo, está fazendo você. Você está encontrando com um fragmento de você que está fora” , Adenor Gondim

    Os seres destas fotos são parte do bloco de carnaval fora de época, Cãos de Jacobina, da cidade de Jacobina no interior da Bahia. Criado e. meados de 1940, por Valdemar Pereira da Conceição, o popular Fecha Beco. A manifestação traz as cores, símbolos e imagens associadas a Exu. Importante Orixá, dividade do Candomblé africano, que muitas vezes é demonizado pelos europeus e religiões cristãs. O bloco era originalmente uma forma de protesto contra o fim do Carnaval e início da Quaresma, quando as festas eram proibidas pelos católicos durante esse período.


    O grupo cultural estava quase desaparecendo, quando a Coordenação de Cultura de Jacobina resgatou a manifestação e realizou diversas apresentações em eventos na cidade. Hoje Os Cãos é parte da cultura da Bahia e presença marcante, não apenas na cidade, mas em eventos na capital, Salvador. 


    Toda uma história é contada num verdadeiro teatro a céu aberto. São cerca de 40 homens que se pintam de preto com uma mistura feita à base de óleo comestível e tinta xadrez, batom vermelho, chifres e dentes artificiais. As principais personagens da alegoria são o anjo Gabriel, a Alma, a Pelada(mulher dos Cãos), Zé Pilintra(personagem inspirada pela entidade da Umbanda, religião brasileira, símbolo da malandragem e da boêmia). O anjo Gabriel desce à Terra para salvar a Alma, que está sendo assediada pelos Cãos – que simbolizam a tentação do Carnaval. Enfim, trata-se de uma grande brincadeira em que uma batalha entre o Céu e o Inferno, acontece enquanto os homens se despedem do carnaval e se preparam para a quaresma cristã.

     
  • Adenor Gondim

     

    Adenor nasceu em Ruy Barbosa, no sertão da Bahia em 1950. Apesar de ter se graduado em Biologia, escolheu a fotografia para ganhar a vida seguindo o exemplo de seu pai que tinha um estúdio fotográfico em sua cidade. 

    A religiosidade popular e o sincretismo religioso da Bahia foram, durante os últimos 40 anos, os assuntos que o levaram a construir um dos maiores e mais completos acervos fotográficos sobre esse tema, e ao lado do de Pierre Verger, hoje representam duas das maiores fontes iconográficas sobre a história da Bahia, das suas religiões e do seu povo.

    Adenor já mostrou seu trabalho em inúmeras exibições no Brasil e no exterior e é uma presença incontornável quando se quer falar de religiosidade e sincretismo no Brasil.

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