Felipe Russo, fotógrafo atípico, é um biólogo que trabalhou como pesquisador nos anos 2000. Como auxiliar de pesquisa do Instituto de Biologia da USP, produziu documentos fotográficos, além de separar e catalogar materiais coletados em viagens de campo. Nessas atividades adquiriu hábitos que se enraizaram em sua sensibilidade: observar pacientemente fenômenos invisíveis a olhos despreparados, classificar uma espécie com base nas semelhanças entre diferentes espécimes, entender um ecossistema como um universo onde os ambientes bióticos e abióticos interagem. Em sua construção estética vemos as marcas indeléveis da formação científica que o fotógrafo teve na juventude. Em vez do virtuosismo da utilização dos recursos da sua arte - enquadramento, iluminação, etc. - vemos uma procura serena do extraordinário e do estranho na reiteração do quase idêntico.