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GERMAN LORCA
o moderno instintivoGerman Lorca sempre foi, em sua essência, moderno e atento ao elemento humano. Toda e qualquer fotografia de sua autoria, invariavelmente, tinha por trás uma história e uma circunstancia, por vezes do próprio fotógrafo ou de alguém de seu amplo círculo de convivência.
German Lorca foi um dos maiores expoentes da fotografia brasileira. Um fotógrafo que virou artista e um artista que escolheu a fotografia como linguagem para contar a vida e compartilhar tudo aquilo que seu olhar via de cativante no mundo.
German Lorca nasceu no Brás, São Paulo, em 1922, e já fotografava na década de 1940, antes mesmo de entrar para o Foto Cine Clube Bandeirante, no ano de 1949. Foi no FCCB que tomou gosto pela fotografia e travou amizades que repercutiram em sua obra e carreira. Desafiliou-se do Clube entre os anos de 1951/52 para abrir seu próprio estúdio de fotografia profissional, então, passou a fazer sua arte por profissão e por prazer.
Falecido em 8 de maio de 2021, semanas antes de completar 99 anos de vida, German Lorca deixou um legado reconhecido nacional e internacionalmente.
Desde 2011 representando o acervo de época e a produção contemporânea de Lorca, a Utópica, em conjunto com o próprio German, Fred e José Henrique Lorca, filhos do fotógrafo, foi responsável por organizar e catalogar o acervo Lorca, ajudando a expandir o número de colecionadores do artista no Brasil e no exterior e ampliando o reconhecimento do artista e de sua obra nas mais diversas fases de sua carreira, fornecendo informações confiáveis e precisas sobre as fotografias de Lorca disponíveis no mercado.
Entre seus colegas da FCCB, German Lorca foi um dos poucos a tomar a fotografia como profissão; seu tempo no clube foi relativamente curto em comparação com sua carreira de mais de cinco décadas como fotógrafo profissional. Apesar de sua intensa carreira como fotógrafo publicitário, uma das primeiras no Brasil, Lorca continuou fotografando para seu prazer, fora de suas encomendas, fazendo sua própria arte. Ao longo das três décadas que se seguiram ao seu desligamento do Bandeirante, no início dos anos 1950, manteve uma câmara escura em seu ateliê em São Paulo. Durante os anos sessenta até meados dos anos setenta, German Lorca fez sua própria impressão e desse período estão algumas de suas imagens mais icônicas.
Sua obra está presente nos principais acervos públicos e privados, nacionais e internacionais, como MoMA - NYC, MAM-SP, MASP e Pinacoteca.
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Foto Cine Clube Bandeirante
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German Lorca, À procura de emprego / Looking for a job, 1948
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German Lorca, Apartamentos / Apartments, 1951
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German Lorca, Chuva na Barão, São Paulo / Rain at Barão, São Paulo, Brazil, 1952
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German Lorca, Le diable au corps / Devil inside, 1950
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German Lorca, Malandragem / Rascality, 1949
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German Lorca, Telhados / Roofs, 1951
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German Lorca, Fumante / Smoker / Retrato solarizado, 1954
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Depois do FCCB
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German Lorca, Aeroporto de São Paulo / São Paulo Airport, 1965
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German Lorca, Antúrios / Anthuriums, 1960
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German Lorca, Apartamentos / Apartments, 1951
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German Lorca, Chegada no aeroporto de Congonhas / Arrivals at São Paulo Airport, 1961
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German Lorca, Fair Warner, Nova York / Fair Warner, New York, 1978
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German Lorca, Mondrian, 1960
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German Lorca, Morandi / Morandi, 1970
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German Lorca, Oca, parque do Ibirapuera / Oca, Ibirapuera park, 1954
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O que fica quando alguém se vai? Coisas, fotos, feitos, memórias.
Dessa lista, permitam-nos compartilhar uma memória.
A cena é simples, alguns dirão, banal, mas ficou gravada na retina antes mesmo de virar fotografia. A mão esquerda de um homem, polegar e indicador segurando a asa de uma xícara de café e os outros dedos delicadamente dobrados em si mesmos, e o percurso dessa xícara no ar, do pires apoiado sobre a mesa até chegar à boca do homem que costumava ter sempre em suas mãos uma câmera fotográfica. Desde cedo, quando bebês, nós, seres humanos aprendemos a olhar o mundo também com as nossas mãos, aliadas essenciais da visão. O menino German Lorca fez desse olhar, sua profissão. Neste sábado ele completaria cem anos e são as suas mãos, firmes e delicadas, que me vêm à memória agora. Para quem o conheceu, não haveria presente maior neste dia do que a sua jovem companhia numa mesa de bar.
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GERMAN LORCA: O moderno instintivo: 100 anos de German Lorca
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