Curadoria Rosely Nakagawa
Em cartaz de 21 de agosto a 27 de outubro, 2018. Visitação extendida até 14 de dezembro.
... “Pois a beleza, Fedro, grava bem isso, apenas a beleza é simultaneamente divina e visível; ela é, portanto, o caminho do sensível, ela é, meu pequeno Fedro, o caminho pelo qual o artista alcança o espírito...” Thomas Mann (Lübeck, 1875 / Zurique, 1955) em Morte em Veneza, publicado em 1912.
Thomas Mann era filho do político e comerciante Johann Heinrich Mann e de sua esposa, a brasileira Julia da Silva Bruhns. Em sua obra há uma leve menção à terra da mãe, assim como da presença da latinidade como arrebatamento amoroso e passional. Gloeden nasceu na Alemanha em 1856 e faleceu em Taormina em 1931. Assim como Thomas Mann eram fascinados pela pequena cidade litorânea da Sicília. Gloeden maravilhado pelas paisagens sicilianas e sobretudo pela beleza dos jovens de Taormina, passa a viver na cidade e se inicia na arte da fotografia ajudado por seu primo Wilhelm von Plüschow que viveu em Nápoles. Aproximadamente em 1880, Von Gloeden se torna rapidamente famoso por seus cliques de efebos cujas poses foram bastante inspiradas na Arte da Antiguidade Clássica, mas somente vai ter sua obra reconhecida em 1970. Carlos Moreira tem uma especial atração por São Paulo, cidade onde nasceu. Fascinado especialmente pela fotografia de rua, no período de 1970 registra a felicidade e beleza presentes na natureza e nos jovens que flanavam livremente pelos praças e parques como o Ibirapuera. A beleza de suas fotografias, encontra uma identificação na obra de Gloeden e Plüschow e uma definição em mais um trecho de Morte em Veneza de Mann: “este mundo não está constituído de tal modo que o espírito esteja fadado a amar apenas o espiritual, nem a beleza unicamente voltada a procurar o belo. Na verdade, o próprio contraste entre os dois indica, com clareza ao mesmo tempo espiritual e bela, que a meta do mundo é a união entre o espírito e a beleza, isto é, uma felicidade não mais dividida, porém total e consumada”.
Nesta mostra atemporal, Gloeden, Plüschow e Moreira, se encontram para celebrar a felicidade, a natureza e a juventude, em sua eterna plenitude visível definida como beleza, desde Platão.
Carlos Moreira nasceu em São Paulo em 1936. Formou-se em Economia em 1964. Nesse mesmo ano começou a se dedicar integralmente à fotografia. Fotografa a cidade de São Paulo há mais de 40 anos. Seu olhar paulistano é único. Sua relação com a cidade, revelada com a cumplicidade do equipamento que sempre o acompanha (Leica), nos possibilita viver um pouco essa cidade, seus habitantes, seus espaços e sua vida que, junto com a dele, foi se modificando. Sua fotografia, sempre voltada para a expressão pessoal, também nos traz um pouco da vida dessa cidade nos retratos, nos interiores, nas fotos das pessoas mais próximas. Professor de fotografia desde 1972, o estudo e o ensino da fotografia acabaram se tornando prolongamento do seu trabalho pessoal, formando várias gerações de fotógrafos e de professores de fotografia. Atualmente orienta grupos de estudos de jovens fotógrafos e ministra cursos regulares de linguagem e história da fotografia no M2 Studio - fundado junto com Regina Martins em 1990.
Rosely Nakagawa é arquiteta graduada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, com especialização em Museologia (USP) e em Semiótica da Comunicação (PUC/SP). Sócia-fundadora das Edições João Pereira (1974), curadora fundadora da galeria Fotoptica de 1979 até 1986, foi curadora da Casa da Fotografia Fuji de 1997 a 2004 e das galerias FNAC de 2004 a 2009. Realizou exposições nos principais centros culturais e museus brasileiro e, no exterior, foi curadora de mostras de fotografia contemporânea nos Estados Unidos, no Japão, França, Portugal, Bélgica, Argentina e México. Tem participado de encontros e semanas de fotografia pela Funarte desde 1985, no Brasil e exterior, e editado livros de fotografia em parceria com as editoras Tempo d’Imagem, Cosac Naify, DBA e Terceiro Nome.
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