Niterói, RJ 1971
Graduado em Desenho Industrial e pós-graduado em docência em Artes Plásticas, aos 18 anos André Cunha iniciou sua carreira como fotógrafo editorial. Radicado em São Paulo, onde empreendeu uma maior aproximação com a fotografia autoral aprofundando-se no pensamento e na teoria da fotografia. Em 2017, foi um dos selecionados para o evento ‘Caravana Magnum 70 anos’, que ocorreu no Festival de Fotografia de Tiradentes e no Rio de Janeiro, gerenciado pela icônica agência Internacional Magnum Photos.
Um outro Mundo
“Santuário” é um trabalho iniciado por André Cunha em 2016, com uma família que vive em um vilarejo situado na região Sul do Brasil, imprimindo uma vida incomum diante das imposições de um mundo cada vez mais tecnológico. Esta família segue um modelo analógico de vida, onde o tempo e o espaço são respeitados, além de serem os seus maiores aliados.
De origem alemã, o patriarca chegou ao país em 1994 onde se casou e teve seus quatro filhos. A família subsiste da agricultura, alheia à internet e às comodidades atuais, produzindo seu próprio sustento material e espiritual, calcado em uma vida natural, sustentável e simples, porém repleta de peculiaridades, que podem ser entendidas como reflexos de uma proposta alternativa. A intenção do fotógrafo foi registrar este paradoxo, entre uma atitude desprovida de complexidade, mas repleta do que poderíamos chamar de excentricidade, seja pelo seu visagismo, que foge da estética mais tradicional, seja pelo próprio modo de vida, descartando as benesses que muitos de nós não conseguimos mais viver à margem.
Dentro do universo retratado, onde muitos enxergariam escassez, André enxergou potência e beleza, no básico e criativo cotidiano que, diz o fotógrafo, talvez, a grande maioria de nós tenha perdido. A sensualidade que emana das imagens do dia a dia desta família nos faz pensar no Amor e na Natureza, as duas energias primordiais que deveriam nortear nossa existência.
A nós, que estamos do outro lado, nos cabe assistir enquanto olhamos também ao redor e tentamos adivinhar para onde caminha a humanidade.